quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sistemática

A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações filogenéticas entre os organismos. Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classificação das espécies e grupo de espécies, com suas normas e princípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organismos). Em geral, diz-se que compreende a classificação dos diversos organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que classificam as espécies em outros táxons a fim de definir o modo como eles se relacionam evolutivamente.

O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia, foi inicialmente o de organizar as plantas e animais conhecidos em categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classificação passou a respeitar as relações evolutivas entre organismos, organização mais natural do que a baseada apenas em características externas. Para isso se utilizam também características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que estiverem disponíveis para os táxons em questão. É a esse conjunto de investigações a respeito dos táxons que se dá o nome de Sistemática. Nos últimos anos têm sido tentadas classificações baseadas na semelhança entre genomas, com grandes avanços em algumas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações aquelas oriundas dos outros campos da Biologia.

A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organismos, e que inclui a coleta, preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias áreas de pesquisa biológica. Nomenclatura é a atribuição de nomes (nome científico) a organismos e às categorias nas quais são classificados.

O nome científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie.

Há duas organizações internacionais que determinam as regras de nomenclatura, uma para zoologia e outra para botânica. Segundo as regras, o primeiro nome publicado (a partir do trabalho de Lineu) é o correcto, a menos que a espécie seja reclassificada, por exemplo em outro género. A reclassificação tem ocorrido com certa freqüência desde o século XX. O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica preconiza que neste caso mantém-se a referência a quem primeiro descreveu a espécie, com o ano da descrição, entre parênteses, e não inclui o nome de quem reclassificou. Esta norma internacional decorre, entre outras coisas, do fato de ser ainda nova a abordagem genética da taxonomia, sujeita a revisão devido a novas pesquisas científicas, ou simplesmente a definição de novos parâmetros para a delimitação de um táxon, que podem ser morfológicos, ecológicos, comportamentais etc.


KARL VON LINNÉ


Há 300 anos nascia o naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778). Conhecido como Lineu, foi responsável pelo sistema de nomenclatura e de classificação utilizado até hoje para organizar os seres vivos.Para David Dunér, professor de história da ciência da Universidade de Lund, na Suécia, a razão do sucesso do sistema lineano é sua facilidade de aplicação. “Os sistemas utilizados antes dele eram difíceis de usar, por serem mais subjetivos. O caráter aritmético e geométrico de sua taxonomia foi uma revolução”, disse à Agência FAPESP.
Dunér, que também é membro da Swedish Linnaeus Society, em Upsala, explica que Lineu conseguiu estabelecer seu sistema com base na observação de milhares de espécimes vegetais e animais coletados por discípulos ao redor do planeta.
“Pelo menos 20 de seus discípulos viajaram por vários continentes. Um deles esteve com o explorador James Cook em sua primeira volta ao mundo e fez uma breve parada no Rio de Janeiro, em 1760”, contou.Segundo Dunér, por trás do sistema lineano havia uma convicção de que a natureza não poderia ser um sistema caótico. “Ele tinha uma mente sistemática e queria ordenar e categorizar a natureza. Na sua concepção, as coisas precisam ter nomes para ser conhecidas”, disse.Por trás da mente racional do cientista, havia um homem profundamente religioso. “Lineu via um princípio racional por trás da natureza. Para ele, como Deus não criaria o caos, então a natureza deveria ter uma ordem racional. A história natural teria a missão de sistematizar essa ordem natural”, afirmou.“O sistema de Lineu é utilizado hoje para iniciar o processo de classificação dos seres vivos, mas em seguida os dados são reexaminados à luz da teoria da evolução e principalmente da sistemática filogenética, que transformou a taxonomia em ciência pela primeira vez”, explicou.

O sistema tinha efetivamente grandes méritos. Antes dele, o único método lógico para classificar uma espécie era o de unir todas as características que definissem sua classe. Com isso, uma roseira, por exemplo, era chamada de Rosa sylvestris alba cum rubore, folio glabro. “O próprio Lineu fazia isso em suas aulas: ficava meia hora falando os caracteres de uma planta em latim. Isso era incrivelmente antididático”, disse o professor aposentado da USP.

Com a ajuda da lógica aristotélica, Lineu introduziu a classificação binominal e criou as categorias. “Ele era profundamente aristotélico e soube aplicar a lógica na taxonomia. Além da base teórica, usou sua experiência em viagens pela Escandinávia e observou que os camponeses usavam nomenclatura binominal de forma intuitiva – como ocorre com os nomes populares em todos os lugares até hoje, por exemplo, barata de casa, barata de coqueiro, barata de praia”, explicou Paparevo. Por Fábio de Castro



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